domingo, 26 de abril de 2009

Ano Novo Celta - o que celebrar?

O Samhain é uma das datas mais importantes do nosso calendário, é o Ano Novo Pagão.
Samhain marca a morte do Deus, Ele é neste momento o Senhor do Sacrifício, que morre para nos dar a oportunidade de renascer com Ele em Yule.
Nesta ocasião, em que Ele declina ao Mundo dos Mortos, os portais entres os Mundos (Espiritual e Material) se abrem, nos proporcionando estar entre esses Mundos. Em Samhain, muitos de nós conseguimos contatos com nossos Ancestrais, pois há apenas um véu nos separando. O momento também é propício para trabalhos divinatórios, onde buscamos nos oráculos orientações para o Ano que se inicia.

Neste momento que antecede ao Samhain, traga a energia da Roda Anual para sua vida, faça uma reflexão sobre seus conceitos e suas atitudes. Esse é um momento de reavaliação. Permita-se morrer no que não te serve, deixe que sentimentos como apego, depressão, insegurança, medo, fracasso, infortúnio morram junto com o nosso Deus e prepare-se para renascer com Ele em esperança e fé, força e coragem!

Venha celebrar esse Sabat conosco!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Tradição Trívia



A palavra tradição vem do Latim traditio que significa "legar" ou "transmitir" um conhecimento ou crença, é a transmissão ininterrupta do Conhecimento nos seus múltiplos aspectos, de modo a facilitar a tomada de consciência de princípios imanentes da ordem universal.

Designa, por um lado, a origem do Conhecimento e, por outro, o seu modo de transmissão. O primeiro é imutável e absoluto. O segundo é o resultado sincrético da busca do Conhecimento pelas diferentes partes da humanidade e das suas sucessivas civilizações. Pode adaptar-se incessantemente, para se fazer compreender segundo os tempos e os meios, e acrescentar-se de novos segmentos. Por definição, as tradições são legadas oralmente, ou através de mecanismos não escritos, como danças, formas ou rituais.
Dentro da Antiga Religião também conhecida como Wicca (em uma nomenclatura neo-pagã – entendam neo-pagão como um novo nome, uma remodelação para algo já existente em uma roupagem “moderna”), encontramos várias Tradições derivadas daquilo que foi transmitido através dos séculos. Fazemos nós, parte de uma Tradição chamada TRADIÇÃO TRÍVIA.
O que diferencia uma Tradição de outra são alguns pontos de vista relacionados à visão da Divindade, maneiras rituais e litúrgicas.
O que diferencia a nossa Tradição das Demais? O fato de observarmos e vivenciarmos a Deusa e o Deus em três faces (algumas tradições não celebram e vivenciam o Deus, outras Tradições celebram apenas duas faces Dele). Nós celebramos e vivenciamos a energia da Deusa em seu aspecto Virgem, Mãe e Anciã; celebramos e vivenciamos a energia do Deus em seu aspecto Criança da Promessa, Jovem Caçador e Sábio Ancião.
Dentro de uma Tradição existe uma maneira ritual, uma liturgia, na nossa não é diferente, apesar de nossa liberdade de expressão ser um fato respeitado, principalmente no tocante as orações e invocações para os Elementos e os Deuses, celebramos 13 Esbats com uma energia específica e relacionada a Roda Anual, cada um desses Esbat leva um nome e é celebrado a uma Deusa com energia afim. Essas celebrações vão de encontro ao girar da nossa Roda Anual (dos 8 Sabats), facilitando nossa compreensão e a movimentação da energia nas nossas vidas, porém essa maneira ritual é apenas passada para o indivíduo quando ele se inicia na nossa Tradição. Até lá os ritos são livres e apenas os exercícios são direcionados.
Então compreendemos que Tradição é o conjunto de conhecimento passado através dos tempos, todo aquele que ingressa em uma Tradição está sujeito a acatar os ensinamentos, diretrizes e maneiras rituais por ela determinadas.
Como toda Tradição, a Tradição Trívia tem uma hierarquia, conforme abaixo relacionado:

• Dirigente da Tradição
• Conselho de Élderes
• Neófitos
• Dedicados
• Iniciados de 1º Grau
• Iniciados de 2º Grau
• Iniciados de 3º Grau

Dirigente da Tradição é a pessoa que está no comando de toda a hierarquia, é aquele que orienta e determina quais decisões serão tomadas em situações que coloquem risco ao Sigilo, Preservação, Ordem e Continuidade da Tradição.
Élderes são aqueles que sendo mais antigos iniciados da Tradição, formam um conselho que auxiliam ao Dirigente nas tomadas de decisões que impliquem fatores de ordem espiritual. O conselho de Élderes pode ser acionado a qualquer momento onde o Dirigente ache necessário. Na falta do Dirigente (seja por motivo impossibilidade ou morte) cabe ao conselho de Élderes determinar um substituto para a Direção da Tradição. Através do Conselho de Élderes é dado o parecer de quem será Iniciado ou Banido da Tradição.
Neófitos são todos aqueles que estão no Caminho em aprendizado buscando explicações para suas dúvidas e aguardam oportunidade para serem admitidos na Tradição.
Dedicados são todos aqueles que passaram pelo ritual de Dedicação e se comprometeram diante da Deusa e da Sacerdotisa Iniciadora fidelidade, respeito, sigilo e dedicação à auto compreensão e ao aprendizado do Caminho da Deusa.
Iniciados de 1º Grau são todos aqueles que passaram pelo período de dedicação e que ao final do processo de auto conhecimento e aprendizado foram reconhecidos como aptos a ingressar no Sacerdócio e passaram pelo ritual de Iniciação.
Iniciados de 2º Grau é todo aquele que passou pelo período de dedicação, foi iniciados de 1º grau e cumpriu todos os testes e trabalhos rituais e está apto a se graduar.
Iniciados de 3º Grau são todos aqueles que passaram pelo processo anterior e estão aptos a caminhar rumo ao Sacerdócio Iniciático.
Em nossa Tradição só é dado o direito de um membro iniciar uma outra pessoa quando ele termina o período do 3º grau e passa pelo ritual de Reconhecimento de Alto Sacerdócio.
O conselho de Élderes é formado somente por Alto Sacerdotes.
A Dirigente da Tradição Trívia hoje é Nôra Shannon, que é Alto Sacerdotisa e Fundadora da Tradição.
Gostaria de frisar que não temos nenhum Coven associado a nossa Tradição. E dizer que Tradição e Coven são coisas distintas. A Tradição, como já foi dito é o conjunto de ensinamentos e liturgia, uma tradição pode ter um número infinito de membros, enquanto um coven é um grupo de até 13 pessoas que celebram juntos e criam elo mágico/espiritual entre si para se ampararem no Caminho do desenvolvimento. Várias tradições admitem que sejam formados covens, que neste caso são coordenados por uma Alta Sacerdotisa. A Tradição Trívia não possui Covens.
Acredito que este texto será bastante esclarecedor para todos que hoje se encontram em processo de aprendizado dentro da Tradição Trívia.
Abençoados sejamos todos nós e que Hécate continue iluminando nossos caminhos e ampliando nossos horizontes.
Nôra Shannon

Hécate - A energia que vivencio

Hécate é divindade de origem asiática adotada por populações de formação grega. É na Ásia Menor e nas ilhas Egéias próximas do litoral asiático que Hécate possui seus mais importantes locais de culto, sobretudo na Cária. Seu nome não tem etimologia certa, deriva provavelmente de raiz ekat-, “que atinge ao longe”; mas a existência de nomes teóforos compostos com a mesma raiz, atestados em numeras inscrições da Ásia Menor, sugere sua ligação com uma família lingüística asiática e, desta feita, esta região como local de origem.
Hécate é uma deusa complexa. De início, universal e benfazeja, dispensadora de luz e associada à lua, Ela é também possuidora de múltiplas funções ctônicas, funerárias e profiláticas até tornar-se desde o séc. V a.C. uma divindade ligada às superstições e à magia, aspecto que teve um grande desenvolvimento a partir da época helenística. Durante o período romano, o culto de Hécate estendeu-se por toda a bacia do Mediterrâneo, onde Ela é concebida como uma Deusa de variados poderes, às vezes até contraditórios.
Hécate, a energia que vivencio
Muitas vezes ouço pessoas do meio pagão falando sobre Hécate, coisas que não condizem com a energia que sinto e que vivencio no contato com Ela. Já ouvi pessoas dizendo que a energia de Hécate é destrutiva, que emana uma energia negativa, que é quem “comanda” os assassinos e suicidas. Ouvi também que Hécate tem uma energia como as das Pomba Giras (entidades relacionadas a umbanda e candomblé), e isso me impressiona, pois é muita ignorância e preconceito dentro de um meio pagão onde as pessoas deveriam no mínimo ser mais esclarecidas e buscar a verdade.
Tenho visto a imagem de Hécate ser “vítima” da falta de conhecimento, total falta de conexão e da irresponsabilidade de pseudos pagãos, que lêem meia dúzia de livros e pensam estar, por este fato, no Caminho da Deusa.
Essas pessoas, presas ainda a uma visão e moral judaico/cristã, tem uma idéia equivocada não só de Hécate, mas de todas as Deusas Negras.
Dizer que Hécate “comanda” os assassinos e suicidas é como coloca-la na posição de uma santa católica, que é denominada padroeira de tal função.
Hécate é a Senhora do Submundo, a condutora de almas, não só dos assassinos, suicidas, mas de todas as almas, inclusive da minha ou da sua.
Ela é a Grande Guardiã do portal que separa a vida e a morte, não só está no submundo, mas entre os mundos. O que faz Dela a Deusa Tríplice do Renascimento. Foi Ela quem trouxe de volta ao mundo Perséfone e a entregou a sua Mãe Deméter. Ela fez Perséfone renascer.
Há bem pouco tempo li em uma lista de discussão da internet alguém que se diz bruxo dizer que só um louco trabalharia com a energia de Hécate, e que ele ficava mais tranqüilo porque sabia que PESSOAS SÉRIAS jamais invocariam por Ela.
Quando li isso me senti ultrajada e indignada, pois Hécate é uma das Deusas a quem sou mais devota. Meu primeiro contato com a magia foi exatamente através da energia de Hécate, e eu nem sabia o nome Dela na ocasião, mas reconheço perfeitamente sua energia e agradeço todos os dias pela conexão que alcancei com Ela.
Conheci a Deusa, e Ela era Hécate, quando tive em meus braços meu filho de um pouco mais de um ano de idade desenganado pelos médicos aguardando a morte. Havia em mim um sentimento que eu nunca tinha experimentado: o sentimento de uma mãe impotente diante da morte iminente de seu filho, e Ela com sua sabedoria e amor, me tocou naquele momento onde por um impulso incontrolável A entreguei meu filho que morria. Em menos de doze horas meu filho estava curado, e vive até hoje.
Sim, Ela é a Deusa da morte, mas também é a Deusa da Vida através do renascimento.
Ela pode ser sim a mão dura que pune os assassinos, mas também é capaz de resgatar aquele que quer atentar contra a própria vida. Ela é uma Deusa tríplice, por isso conhece e sabe atender aos apelos de uma Mãe.
Desbravadora (Nôra Shannon)
Atravessa os mundos
Cruza os portais da escuridão
Com seu cajado, seu lampião, seus cães e minha vida nas mãos

Desbravadora
Ela abre meus caminhos
Com sua força e seu poder, nada mais posso temer

Gloriosa Hécate! Eu te saúdo!
Poderosa Hécate! A ti eu me curvo!
Oh Sábia Anciã a cada anoitecer faz minha vida renascer
(repete)
Gloriosa Hécate! Eu te saúdo!
Poderosa Hécate! A ti eu me curvo!
Oh Sábia Anciã a cada anoitecer faz minha vida renascer

Texto de autoria de Nôra Shannon