quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sublimar

Um texto antigo que acabei de achar perdido nos meus arquivos... há alguns anos atrás me rendeu várias horas filosofando com a minha falecida amiga Swanne Lixa e com a Paty Bignon. Compartilho com os amigos. SUBLIMAR A palavra que tem me feito pensar no momento é SUBLIMAR, questionei algumas pessoas sobre o que entendiam do “ato de sublimar algo”, pois para mim sublimar sempre foi a atitude de tornar sublime um ato, algo, alguma coisa. Algumas pessoas disseram-me que entendiam sublimar como uma atitude do tipo “desprendimento”, quase uma “libertação”. Depois de perceber que esse papo parecia mais conversa de quem tinha puxado um dois e estava viajandona (tudo bem que esse papo foi dentro do carro e que a viagem era Itaipuaçu/Lapa, mas a viagem não era tão grande assim), resolvi recorrer ao dicionário: Sublimar (do Latim sublimar, elevar) verbo transitivo: erguer a grande altura; tornar sublime; exaltar; engrandecer; elevar à maior perfeição; fazer passar (um corpo) diretamente do estado sólido ao gasoso; purificar; fazer sublimação de; verbo reflexivo: atingir a maior perfeição possível; apurar-se; exaltar-se; engrandecer-se. Mas isso ia contra a formação da frase que eu havia ouvido de uma certa pessoa, ela havia me dito: “Eu ainda não sublimei determinados sentimentos a ponto de abrir mão de valores morais como o casamento.” Eu não vi nada de sublime em alguém dizer não a atitude de não querer ser amante de alguém, por não ter SUBLIMADO o casamento... oras, isso só podia estar errado, mas de uma certa forma algo em mim dizia que também poderia estar certo... Sublimar, sublimar, sublimar... qual mensagem subliminar estava por trás desta palavra? O que ela teria para me dizer neste momento? Resolvi ir mais a fundo nesta história e fui, encontrei na psicologia a resposta que faltava para a minha pergunta, sublimar é um mecanismo de defesa na psicologia. Acho então que faltava essa abordagem... Entro em um sebo daqueles dos bons no Centro de Niterói em busca de minha resposta, e lá está ela: SUBLIMAÇÃO - Mecanismo de defesa pelo qual a energia psíquica de tendências e impulsos inaceitáveis primitivos se transforma e se dirige a metas socialmente aceitáveis, isto é, o inconsciente desloca energia de certas tendências condenáveis ou inaceitáveis, para realizações consideradas "superiores". Dessa forma, as necessidades instintivas e os impulsos inaceitáveis encontram na sublimação uma "saída", um modo "normal" de expressão. Aquelas tendências e impulsos primitivos inaceitáveis - com finalidades por exemplo pessoais, egoístas, proibidas, "irregulares" - são transformadas e sua energia é dirigida a atividades digamos científicas, altruísticas, políticas, artísticas, etc., pelo mecanismo da sublimação. Vê-se que (ou deveria eu dizer MASCARA-SE) assim o indivíduo ao mesmo tempo elimina ou reduz possibilidades de perversão, de neuroses, de anormalidades psíquicas, por meio da sublimação encaminha sua atenção e sua potencialidade para realizações e criações positivas. Dessa forma têm-se desenvolvido grandes promoções sociais e culturais baseadas no trabalho de uma pessoa, e também especialmente é assim que aparecem muitos grandes vultos na ciência, na literatura, na religião, etc. Por isso, a sublimação é tida como o mais importante mecanismo do inconsciente para a vida normal do indivíduo (caraca!). Exemplo: um impulso libidinoso pode ser sublimado e dar ao indivíduo condições, interesse e sentimento estético para se transformar num grande músico; um impulso agressivo pode transformar um homem comum num ótimo pugilista, ou mesmo ótimo jogador de futebol. Nesses exemplos, a música (ou atividade artística) e o pugilismo ou futebol (também poderiam ser outras modalidades esportivas) são objetivos substitutos apresentados pelo processo de sublimação: vem substituir os objetivos "condenáveis" daqueles impulsos interiores. Aí me aparece uma criatura dizendo que está vivendo um romance com um homem religioso e que ela tem problemas nessa relação por ainda não ter sublimado o desejo de se casar ortodoxamente e me manda essa palavra? Quem será que não entendeu a sublimação, eu ou ela? Bom, voltando lá ao meu estudo, descobri que ao contrário de outros mecanismos de defesa, na sublimação os impulsos encontram saída por via artificial. O impulso original desaparece quando a sublimação se completa, porque a energia dele lhe é retirada, e encaminhada para o objetivo-substituto. Volto a dizer, devo ser realmente uma tola, burra, ignorante que não consegue compreender o que há de sublime nisso tudo. Segundo Freud, que criou o termo, a sublimação é responsável por muitas "das nobres aquisições do espírito humano". E eu, pobre mortal, com alma imortal digo que ou sou uma ignorante ou isso está muito além do meu entendimento. Concluindo a situação, depois de entender que Freud conseguiu transmutar algo sublime em algo, na minha visão, abominável, eu digo: VIVA YUNG! Nôra Shannon 04/12/2008

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